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Ai a minha vida...

por lady magenta, em 04.09.12

 

 

O ruído que faz na minha cabeça não me deixa quase pensar.

É complicado, no meio de tantas vozes, no meio de tantas conversas, conseguir dar um rumo, encontrar um atalho, nem que seja só um caminho de "cabras"...Uso as malfadadas tarefas domésticas para tentar descomprimir...Resultado, braço direito e pé esquerdo dormentes, ligeira dor de cabeça. Sim, esta coisa de ter blá, blá, blá nas cervicais e nas lombares é do melhor...Enfim, não se pode ter tudo.

Para "adornar" ainda mais o bolo, hoje estive de plantão. A minha mãe resolveu partir nos braços do "tio" Morfeu e, deixem-me que vos diga, partiu para bem longe! Tão longe que o meu pai, quase se arrastou para a cozinha às duas da manhã e ela, pura e simplesmente não deu conta de nada. Valeu-lhe a minha congénita falta de sono. Lá andei eu de volta dele, a dar-lhe chá e bolachas...Tão triste. Triste porque ele já não é capaz sequer, de levar a caneca à boca...Bebe de palhinha. Parte pequenos pedaços de bolacha e vai comendo. Como se o tempo parasse só para o assistir a comer. Com uma lentidão tal, que juro, quase dá sono.

Durante o dia dorme.

Passou a sofrer de terrores nocturnos...Ao que sabemos, é comum nos doentes terminais. Temem a noite, pois acham sempre que se dormirem acabarão por morrer...

Tanto que lhe digo para ele não ter medo. Mas não sou eu que "visto" as calças dele, logo, nem me compete julgar os demónios que o atormentam...

...

O meu pai está assim. O pai do meu filho, está "ligeiramente" pior...

Esta vida de doenças não é para mim.

Mas tenho de fazer de espectadora passiva, neste teatro deprimente.

Mãe da foca...Ninguém merece.

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publicado às 16:37

O "câncaro", essa doença malvada...

por lady magenta, em 01.09.12

 

Se há coisa de que me orgulho é de ser mãe.

Não entendo certo tipo de "mãezinhas", que abandonam os filhos, que os têm porque sim. Não sou nem mais mãe, nem menos mãe, nem pior ou melhor do que as outras mães. No entanto para mim os meus filhos são o meu mundo.

Penso que não os sufoco. Deixo-lhes a rédea solta, para que possam desenvolver as suas personalidades distintas, mas sempre atenta. Também não os deixo pensar que a nossa relação é tipo "mayuia"! Ah não...Se vivemos em democracia, eles sabem bem, que quando excedem os limites, sou uma verdadeira tirana...

Já perdi quatro filhos. Todos eles amados e desejados, no entanto se partiram, foi porque no céu precisavam de mais estrelas...Eu sei, estou a contradizer-me. Mas quando se atinge um estado de quase loucura, a algo temos de nos agarrar.

Se um dos meus dois filhos estivesse prestes a morrer, enlouquecia. No entanto entre vê-los a sofrer, ou "desligar" a ficha e deixá-los partir em paz, a segunda hipótese era sem dúvida a vencedora...Se houve coisa que aprendi logo na primeira perda, foi de que os filhos não são nossos, são anjos que nos emprestam...

Pelos meu filhos sou literalmente, capaz de tudo...Até de ler cartas de despedida em leitos de morte...

Teve de ser. Como ia negar ao meu lindo filho mais velho este desejo, quando ele não foi capaz?

Não podia. Não tinha como.

Foi difícil...Muito difícil. Talvez das piores provações que tive de suportar, para mostrar ao meu filho, que o meu amor por ele é incondicional, irracional e infinito...

Não creio que o pai dele me tivesse ouvido, acho que nem sequer se apercebeu de que estava lá, no entanto está lida a carta de despedida.

Hoje dormi...E espero que os pesadelos que têm assombrado o meu filho, pelo menos esta noite lhe tenham dado tréguas...

 

Mais um dia passou para os nossos doentes terminais...E mais um dia passou também para esta família...

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publicado às 14:53

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