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O cancro, essa doença malvada...

por lady magenta, em 05.12.12

 

 

Ardem-me os olhos...Hoje chorei, o que tinha para chorar...

Não está fácil pessoas.

Assistir ao fim de algo, de uma vida, de uma pessoa, às mãos desta terrível doença, é como sermos lentamente torturados, por um inimigo que sabemos estar lá, mas sobre o qual não temos qualquer poder de derrota.

Ontem faltou-me a coragem. Têm-me faltado com base diária. É como se as minhas pernas, não acatassem as ordens da minha cabeça...Cada dia que passa a tortura é maior, e ter de o ir visitar é o cúmulo dessa tortura.

O meu pai está em coma. Não sente ninguém, não fala, não vê.

No fundo é como se já tivesse partido para longe e, só restasse o corpo dele para nos lembrar que ele existiu.

Desejam-me força, e eu respondo, "força? que força? mas eu lá tenho força numa hora destas????"...Não consigo. Não tenho. Não quero ir ver o meu pai, mas não posso abandonar a minha mãe...Ela passa o dia inteiro à cabeceira do meu pai, que nem dá conta dela lá estar, nem dela nem de ninguém...

Hoje só consegui ter força, porque tenho dois filhos maravilhosos, o meu motor de arranque, e o mais velho me acompanhou...O mais novo diz que não quer ver o avô assim. Pudera! Tem visto o definhar dele desde o primeiro dia...Já chega vida...Já chega de tortura. Para o meu pai e para nós...

Eu queria dizer que sou forte e consigo superar isto, Não sei se consigo pessoas...É tudo tão pesado, e tortuoso, que nem sei como conseguirei chegar ao dia de amanhã...

...

Valem-me os bons amigos, que nesta hora não me abandonam e me ouvem...

 

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publicado às 22:20

O "câncaro", essa doença malvada...

por lady magenta, em 02.12.12

 

 

 E os dias passam...

E não há dia nenhum, em que pessoas me digam que temos de estar preparadas, que o fim está ao virar da esquina. No entanto, não se torna mais fácil. A impotência esmaga-nos com tal força, que nem há palavras suficientes para definir o que sentimos...

Triste, dura e cruel realidade. Chegarmos a um hospital, para com tamanha e esmagadora realidade, sermos obrigados a assistir ao fim da vida de alguém...Sem nada podermos fazer, para que esse fim chegue pacifico.

Ontem espetaram uma faca no meu peito e deixaram-na ficar. Hoje a realidade foi tão esmagadoramente dura, que quando sai para a rua, vomitei-me toda.

A minha irmã chora, a minha sobrinha, a "princesa" do meu pai, demonstrou ser a menina de 9 anos, mais corajosa que conheço...Viu o avô naquele estado e não vacilou por um segundo...Cantou, contou histórias, falou para ele, completamente alheada da realidade. Ela ainda consegue ver, quem ele era, não quem ele se tornou...

...

Pessoas, esta vida está dura...Esta realidade não é a que queríamos, nem a que desejámos um dia...É a nossa realidade e, a de tantas outras famílias perdidas por aí...É a realidade com que temos de nos confrontar, mas nem por isso, se torna mais fácil viver esta vida...

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publicado às 21:14

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