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Ai a minha vida...

por lady magenta, em 27.04.12

 

 

E eu queria vir aqui postar coisas interessantes e tal, e inspiradas e tal, mas na realidade este buraco que tenho no peito não me deixa...

Desde o dia 6 de Setembro que me abriram este fosso sem fim, e nada de bom tem advido do mesmo...

A cabeça a mil, a vida a um milhão.

As coisa irrisórias que me passam ao lado, as coisas a que tenho de dar importância mas que não me apetece.

Queria fugir, mas estou colada ao chão. Queria falar, mas nem sei por onde começar...

Gostava de escrever, mas só me sai, literalmente, merda dos dedos.

Já pensei que seria melhor ir consultar um médico e voltar às velhas drogas, alguém me alertou que era melhor não. Um daqueles "vintage friends", que está atento e sabe o que diz...As drogas funcionam, e depois como será? Os problemas, as dores não desaparecem miraculosamente... Irá continuar tudo exactamente como estava até aqui. Portanto ideia posta de parte.

A busca pela mudança continua...Mudança de atitude perante as adversidades...Com muita ajuda, se querem que lhes seja sincera...Até os meus colegas mais desatentos, reparam que o meu estado, que nunca é o normal, agora descambou mesmo...Que é difícil, complicado e tortuoso, acho que já deixei claro, em quase todos os posts que coloquei a falar sobre a doença do meu pai...Malditas doenças. 

Morrer de cancro, é como ditarem-nos a sentença para amanhã, mas ficarmos presos num redemoinho, que todos os dias retorna ao inicio...Sabemos que vamos morrer, que não se pode fazer nada, que a qualidade de vida é praticamente nula, mas ainda não é hoje...Talvez daqui a nada, daqui por umas horas, se calhar amanhã, quem sabe para a semana...Acompanhar isto, é...É o que é. A impotência, a angústia, a revolta...É lidar com o luto precoce, com a dor da perda, com a raiva e frustração, que depois, quando a embalagem já não é suficiente, transborda para todos os sentidos da nossa vida, o que ainda a torna mais complicada...

Phuta de vida esta minha.

Eu quero queixar-me, eu gostava de saber extriorizar isto, partir as fuças a alguém, pegar num taco de baseball e desatar a partir vidros...Mas não adianta.

Se tenho de aguentar, que me aguente...Só não sei como o hei-de fazer, nem até que ponto o conseguirei.

Acho que chego à conclusão que afinal, além de não ser de ferro, também não sou a super-mulher...

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publicado às 18:49


6 comentários

De energia-a-mais a 27.04.2012 às 21:44

desejo-te apenas que encontres força...de resto podes pelo menos desabafar


Teresa

De lady magenta a 28.04.2012 às 16:43

Obrigada pelo ombro Teresa...; )

De Clísteres e Pulgas a 28.04.2012 às 15:34

Não existem coisas desinteressantes. Existem pessoas que se interessam e pessoas que não se interessam. Logo, tudo passa a ter importância e valor quando escreves e quando alguém lê. Mesmo que ninguém o leia, partilhaste os teus pensamentos, a tua vida, expuseste a tua dor, a tua paixão, tiraste coisas de dentro de ti, arranjando espaço para mais (boas e menos boas). Não existem soluções mágicas para estas situações, ninguém nos avisa que vai ser assim, a vida, para escolhermos sofrer ou não sofrer. Sem poder de escolha, optamos, na sua grande maioria das vezes, seguir em frente.

 Pegamos nos momentos bons, nas recordações que criámos e pensamos que, afinal, terá valido a pena. É complicado não sofrer por antecipação...é tremendo manter a postura, o sorriso na cara, ser a tal super-mulher ou homem. Faz o que estiver ao teu alcance e nunca penses duas vezes em pedir ajuda, um ombro amigo, dois ombros amigos. A vida tira-nos coisas valiosas, mas também retribui com outras. É preciso acreditar nisso para seguirmos caminho.

Já tive de "seguir caminho" algumas vezes, pelas mesmas razões que tu e por outras mais igualmente excruciantes. Lamento ter passado tudo tão rápido, isto é, numa situação em particular, quando tudo aconteceu, estava concentrada noutras coisas, também relacionadas com doença, que nem vi/vimos o dia chegar. Foi de repente. E o luto começou uns dias depois. Primeiro veio o choque, a sensação de estar a viver uma partida de mau gosto, depois, vim a mim. Perdi tudo e quase todos num só ano. Fui ao fundo do poço e, com tempo, comecei a subir. Costumo dizer que já vivi várias vidas. Cada vez que alguém "segue caminho" (permite-me o eufemismo), eu morro e renasço outra vez. Algo muda em mim, cria-se uma vazio, mas o espaço ocupado por quem partiu, aumenta. 

Não me sendo possível mudar o passado, o que é que gostava que tivesse sido diferente: ter-me despedido da minha mãe, ter tido condições económicas para lhe ter dado conforto durante a sua vida, ter tido poderes mágicos para garantir que ela havia sido feliz. Assim, o que gostava eu de te dizer...dizem que não nos conhecemos, mas acredito que fazemos parte de um todo. Acredito que, ao ajudar alguém na rua, estou a ajudar o filho de alguém, o irmão de alguém e que, se tiver alguém meu na mesma situação, existirá outro alguém a fazer o mesmo que eu.

Por isso e por nada, não te isoles, chora o que te apetecer, ri quando tiveres vontade, não desperdices um momento feliz e proporciona momentos felizes aos teus, usa as tuas melhores roupas no dia-a-dia e não guardes o serviço vista alegre para uma ocasião especial. Todos os dias são especiais e uma "bênção".  Faz coisas simples, a tua presença, o teu sorriso, o vestires uma peça de roupa que estes te ofereceram...o ouvires a mesma história contada por eles 100 vezes! :-) Não te canses de dizer que os amas e pensa que tens todo o direito em questionar esta vida. O meu objectivo de vida, é ser feliz. Se for por 10 anos, ou 200 semanas, que o seja. Mas no final, é isso que vai contar, se fomos felizes e vivemos a nossa vida ao máximo.

Encontra o teu caminho, as tuas soluções. Só tu sabes o que sentes... A tua vida irá continuar. Não terás outra hipótese. Faz o que achares melhor para ti. Nada é irreversível, excepto a morte. Ser super-mulher é exactamente o que tu és...reconhecer os teus limites, brincar com eles, chorar por eles e estar de rastos nos dias que assim estão destinados. O oposto disto tudo, seria fingires que nada está a acontecer e desapareceres do mapa. E, algo me diz, que não serás assim. E essa é a tua força. E esta não se esgota.

Desculpa a intromissão e este discurso longo. Sente estas palavras como um abraço apertado, vindo de alguém que se interessa e que luta para viver o seu luto e para manter a sua busca pela felicidade. É possível. Um dia de cada vez.  

De lady magenta a 28.04.2012 às 16:44

Mais uma vez Obrigada...E agradeço o apoio e o ombro, ombros...Tudo.
Obrigada
; )

De momentosdisparatados a 29.04.2012 às 21:34


Imagino que seja viver com o coração apertado todos os dias...viver os dias com vontade de ficar fechada sem ver ninguém .viver os dias a dar força sem a ter...
Desejo que continues a ter essa força ainda que por vezes te pareça que não a tens.
Um grande beijinho

De lady magenta a 29.04.2012 às 22:31

Esses beijinhos são a minha força...Mesmo virtuais, sei que tenho aqui ombros prontos para ouvir aquilo que não arranjo coragem de dizer em voz alta...; )
Obrigada...

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