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Porque nem tudo o que luz é ouro e nem tudo o que brilha é prata...
Há coisas na vida...Ou melhor, há com cada coisa na vida...
Sou casada em segundas núpcias...Do meu primeiro casamento resultou o meu rico e adorado filho mais velho.
Não foi um casamento feliz. Foi uma relação conturbada que durou 4 penosos anos e me destruiu completamente a auto-estima...E tudo o que ambicionei ser.
O meu filho foi, literalmente, educado pelo avô, meu pai, e pelos tios...Subsequentemente apareceu o temível "padrasto", que não lhe quis arrancar o coração, mas acabou por conquistá-lo,(muito embora, a relação destes dois seja baseada numa dupla interminável amor/ódio, mas entendem-se...)
Acho triste e lamentável que o pai do meu filho, agora na recta final, fique triste por não ter noticias do filho...
Tanto que o adverti, "Paulo, o teu filho há-de crescer..."
Pelos vistos cresceu...
Nunca senti necessidade, nem sequer foi equacionado pela minha pessoa, usar os filhos como arma de esgrimir....Os filhos são os filhos, as nossas relações com outras pessoas são o resto.
Nunca falei sobre o que fosse, despeitadamente, com o meu filho, apesar de ele estar a par de todos os porquês da minha relação com o pai dele não seguido o caminho óbvio...E fi-lo saber desde o primeiro minuto, que apesar da nossa relação enquanto casal ter terminado, ele é nosso filho e muito amado por ambos...
Como podem agora ao fim de 17 anos, vir-lhe cobrar seja o que for?
Não podem.
E ainda bem que ele tem a mãe que tem, porque se assim não fosse, o meu filho a esta hora, em vez de estar a gozar umas merecidíssimas férias longe de tudo e todos, estaria a fazer companhia ao pai...
Não que ele não ame o pai, ele simplesmente idolatra-o...Mas tem orgulho e amor próprio suficientes, para reconhecer que apesar de amar tanto o pai, ele já existe à dezassete anos, e o pai só se aproximou dele agora...
Nunca lhe faltou nada de material, a família do pai e eu, nunca deixámos. Os afectos que não teve, foram substituídos por coisas e não sentimentos. Uma lacuna na vida dele, que jamais poderá ser substituída...Culpo-me, mesmo sabendo que não poderia obrigar o pai dele, a desempenhar um papel para o qual não estávamos minimamente preparados...Eu com 19 anos e ele com 29...Deveria ter esperado, não deveria ter deixado que acontecesse. No entanto naquela altura, ainda bem que aconteceu. Livrou-me dos vícios, fez-me ter um objectivo pelo qual lutar...Salvou-me a vida.
A escolha não foi a melhor, mas foi a possível...
O pai do meu filho não é mau homem, pelo contrário, é o melhor Ser humano que conheço, tão puro, tão genuíno, que toda a gente se soube aproveitar dele...Incapaz de ver maldade em nada. Com um vício terrível, o álcool...Enfim...
Nunca foi um homem de objectivos, apenas de sonhos...Nada ambicioso, mas um excelente profissional...Podia ter tido o mundo, se tivesse outra personalidade, assim, teve os amigos que teve e viveu a vida que quis...
As suas escolhas influenciarão a vida do filho para sempre.
O meu filho não é amargurado, sempre soube ver a pessoa que o pai é...A fase do choro, da raiva, dos sentimentos baralhados já lhe passou...
Hoje olha para o pai, sobretudo com pena...Pena que o pai não tenha participado mais na vida dele, pena que o papel de pai tenha sempre, sido desempenhado por outros...
O meu filho tem de viver com esta mágoa, e eu também...
Não é justo...
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