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O "câncaro", essa doença malvada...

por lady magenta, em 01.09.12

 

Se há coisa de que me orgulho é de ser mãe.

Não entendo certo tipo de "mãezinhas", que abandonam os filhos, que os têm porque sim. Não sou nem mais mãe, nem menos mãe, nem pior ou melhor do que as outras mães. No entanto para mim os meus filhos são o meu mundo.

Penso que não os sufoco. Deixo-lhes a rédea solta, para que possam desenvolver as suas personalidades distintas, mas sempre atenta. Também não os deixo pensar que a nossa relação é tipo "mayuia"! Ah não...Se vivemos em democracia, eles sabem bem, que quando excedem os limites, sou uma verdadeira tirana...

Já perdi quatro filhos. Todos eles amados e desejados, no entanto se partiram, foi porque no céu precisavam de mais estrelas...Eu sei, estou a contradizer-me. Mas quando se atinge um estado de quase loucura, a algo temos de nos agarrar.

Se um dos meus dois filhos estivesse prestes a morrer, enlouquecia. No entanto entre vê-los a sofrer, ou "desligar" a ficha e deixá-los partir em paz, a segunda hipótese era sem dúvida a vencedora...Se houve coisa que aprendi logo na primeira perda, foi de que os filhos não são nossos, são anjos que nos emprestam...

Pelos meu filhos sou literalmente, capaz de tudo...Até de ler cartas de despedida em leitos de morte...

Teve de ser. Como ia negar ao meu lindo filho mais velho este desejo, quando ele não foi capaz?

Não podia. Não tinha como.

Foi difícil...Muito difícil. Talvez das piores provações que tive de suportar, para mostrar ao meu filho, que o meu amor por ele é incondicional, irracional e infinito...

Não creio que o pai dele me tivesse ouvido, acho que nem sequer se apercebeu de que estava lá, no entanto está lida a carta de despedida.

Hoje dormi...E espero que os pesadelos que têm assombrado o meu filho, pelo menos esta noite lhe tenham dado tréguas...

 

Mais um dia passou para os nossos doentes terminais...E mais um dia passou também para esta família...

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publicado às 14:53


6 comentários

De Artemisa a 03.09.2012 às 13:34


Eles precisarão de si, sempre. E é por isso que a vida tem de continuar. É por isso que tem de respirar, erguer-se e lutar. Estamos aqui todos a dar-lhe a mão para a ajudar a levantar.

Força!

De lady magenta a 03.09.2012 às 14:14

Espero que sim...Porque apesar de me custar a admitir, acho que vou precisar de toda a ajuda.
Obrigada pelo carinho ; )

De Artemisa a 03.09.2012 às 14:19


Pedir ajuda não é um sinal de fraqueza... É um sinal de humanidade. Quando precisar, avise!

De lady magenta a 03.09.2012 às 21:17

Combinado...; )

De Clísteres e Pulgas a 03.09.2012 às 22:28

Já passei por muitas perdas, mas nunca pela perda de um filho. Nunca tive de dar notícias más à minha filhota, contudo, esteve sempre presente nos momentos "mais" e "menos"  da sua falecida avó. Ela era pequena, ainda é...mas cedo aprendeu a existência de uma coisa chamada "hospital". Hoje em dia, renova-se a história, e ela diz;"vamos ao hospital do avô?" Enfim.

Dizia isto porque, há dias, sabendo da morte de uma pessoa que faz parte de mim - não saiu cá de dentro, mas enfiou-se no meu coração, num cantinho- morreu, deixando 2 filhotes. O mais velho,na altura com 7 anos, diz: "My father is dead. And nothing can change it". Dói saber que é verdade, que ele tem razão. Dói saber que ele sabe que tem razão. Ele não deveria ter de saber, viver estas coisas.Felizmente, há uma mãe. Ficará para sempre ao lado do Thomas e do mano.

As mães que "abandonam" os filhos, não têm todas as mesmas motivações ou histórias. Uma coisa é certa, desculpem-me, mas nós, mulheres, não estamos programadas para ser mães. Temos uma máquina chamada corpo que pode trazer ao mundo seres humanos. Quando saem cá para fora, começa sim a descoberta do ser ou não ser mãe. Se estamos dispostas a dar a nossa vida por eles, os filhos. Se estamos dispostas a esquecer o homem de que tanto gostamos e nos faz mal e, consequentemente, aos nossos filhos e escolher entre os dois lados. Conheço algumas "mães" que a melhor coisa que fizeram, foi partir. Tal como certos pais. Para mim, ser mãe ou pai, é teres um coração enorme, cheio de amor para dar sem esperar algo em troca. É desejares o mundo para outra pessoa, mesmo que tenhas de sacrificar o teu. É deixá-los sairem das nossas asas para, um dia, voltarem. Isto, não está no nosso adn ou num livro escrito. Está em nós. Ou não. Por isso, algumas abandonam o barco. Outras ficam. E muitas, algures pelo mundo foram, vêem os seus filhos nascerem para morrerem nos seus braços...

O teu filho, como tu, não vai ser conhecido por ser Doutor, engenheiro ou carpinteiro. Vai ser conhecido por ser gigante. Um gigante com coração e alma. Portanto, tu não és mãe. És gigante. Tens o tamanho de um anjo. Ou seja, não se vê o seu principio e fim. Mas está lá sempre. Nestes últimos tempos, têm-te ferido as asas. Mas ganharás umas novas e verás os teus aprendizes de gigantes, de anjos, a espalharem a sua luz pelo mundo fora. Boa pessoa, é tudo o que quero que a minha filha seja. E para mim, peço sempre, força, amor e coragem. E podes sempre vir mexer nas minhas gavetas e levar um pouco destas coisas. Porque a vida, nos bons e maus momentos, leva-se sempre com mais firmeza quando equilibrada por dois. Ou mais.

Que as tuas asas se curem depressa.

(não é minha filha de sangue, mas hoje, faz 24 anos a minha primeira filha... Também foi deixada para trás. Infelizmente,tenho de dizer, ainda bem... A vida tem destas coisas. Se temos limões,fazemos limonadas. Ou martinis biancos com rodelas de limão!)

De lady magenta a 04.09.2012 às 16:16


Sabes Nina, tud até silenciosamente, dizes tudo...Por isso e, mesmo sem ser fisicamente, estás sempre comigo... ; )

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