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Porque nem tudo o que luz é ouro e nem tudo o que brilha é prata...
Eu tenho um grave problema de comunicação. Ou algumas pessoas, têm um grave problema cognitivo, quando eu tento explicar, que esta vida, esta vida que a minha família e eu, vivemos desde à quase dois anos, não é nossa. Não é a nossa escolha, mas é a que temos para viver e, quanto a isso, quanto à grandeza da vida, podemos escolher...Ou a vivemos o melhor que podemos e sabemos, ou somos engolidos pela imensidão de tudo o que nos rodeia, e a dado momento, passamos pela vida sem realmente a viver.
Quando tenho dias maus, em que vejo o meu pai pior, ou as saudades do meu amigo, do pai do meu filho, apertam (e como apertam...), penso na vida...Penso no Sr.Varela, que acabou de perder a esposa. Penso nele, sentado noite após noite na esplanada do "Pastel de Nata" a ver e rever fotos da mulher, que partilhou a vida com ele, e agora, lhe deixou o coração estilhaçado e a casa vazia...Penso na dificuldade que ele tem em lidar com a dor dele, que ninguém pode fazer nada, mas, que basta um sorriso, uma palavra de conforto, e o dia dele melhora...A dor está lá, não há magia pessoas...Mas pode haver compaixão.
O meu pai não tem melhoras, nem pioras...O que a esta altura, não é bom, nem mau...É viver suspenso, à espera da morte, com medo, aterrorizados...
O meu pai à muito tempo que não dorme de noite, os terrores nocturnos, o medo de morrer não o deixam...Ele não dorme nem deixa dormir, logo as nossas noites são quase tão más como os nossos dias...E chora, todos os dias ele chora a pedir para morrer...A perguntar porque ainda cá está, que já devia ter partido, que a vida é injusta, porque o amigo, quase filho dele, já morreu e ele ainda não...E que do "outro" lado o Paulo o espera...E ele continua cá, sem morrer...
E eu tento, com muita força, explicar às pessoas que não mudei, adaptei-me apenas...A viver no "arame", à espera do tal telefonema, do tal último internamento, da tal última despedida...Enquanto esse momento não chega, vivo. O melhor que posso e sei. Com dias maus, com dias bons. Rio quando tenho de rir, choro, choro muito quando ninguém está a ver...Pulo, salto, grito, canto...
E gostava pessoas, gostavas que muitos de vós, que julgam que nada vos chega, tirassem o nariz do umbigo e olhassem à volta...Que abrissem os olhos e vissem que o Sr.Varela tem um desgosto sem fim, que a D. Adelaide acabou de perder o filho e não sabe como começar sequer a fazer o luto, que olhassem para o Rui e vissem nos seus olhos a tristeza que lhe vai na alma por ter perdido o pai....
Que vissem que esta vida não é nossa, e que o que tento escrever, é que esta não é a vida que escolhi, é a que tenho de viver, e também a vós vos pode acontecer o mesmo...
Eu acredito nos Homens, e acredito num sentimento chamado compaixão. Será que sou a utopia em pessoa? Será que ensandeci?
....
Não pessoas. Esta é a nossa vida, aquela que não escolhemos, aquela que nos foi "oferecida", e quando pensarem que controlam a vossa vida, lembrem-se de mim...Um dia eu também pensei que controlava a minha vida...Depois apareceram as doenças más, e o resto, o resto podem ler aqui.
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