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Porque nem tudo o que luz é ouro e nem tudo o que brilha é prata...
Pois é pessoas, cá andamos nesta vida...
Onde todas as palavras "entopem", todas as funções cerebrais que consegui manter.
Lentamente, muito lentamente, diga-se de passagem, começo a sentir a vida a voltar, a um estado que não é o normal, mas que já se parece com vida.
Ainda há "vícios" que não perdi...O bater na porta em vez de tocar à campainha, o ouvir barulhos e levantar-me em sobressalto, a angústia...O vazio, sobretudo...Esse companheiro de todas as horas.
Depois todas as coisas às quais fugia se pudesse...As ambulâncias em marcha de urgência, as urgências "daquele" hospital...
"Aquele", onde o meu pai morreu, e eu ainda não me conformo.
Tive de lá voltar.
Foi como pisar vidros com os pés descalços...As pessoas, as batas, as macas, os doentes, o local...Tudo mexeu tanto comigo...
Mas algum dia tinha de ser.
De resto, as pessoas que continuam a dizer-me que tenho de seguir em frente...Pois tenho. No MEU tempo. Não num tempo que não é o meu, ao meu ritmo, não ao de outros.
O luto faz-se assim.
Espera-se pacientemente que as feridas fechem, que nos habituemos a viver com o vazio e a dor, e só depois, talvez num dia de sol, conseguimos erguer a cabeça e seguir em frente...
Não era esperar que depois de quinze meses de tortura, o meu pai morresse e pronto, acabou...
Morreu já se pode seguir com a vida...
E a dor da perda? E o vazio da sua presença? Isso não se colmata do nada...
Aprende-se primeiro a viver com esta dor, para depois podermos seguir em frente...
Cada qual ao seu ritmo.
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