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Porque nem tudo o que luz é ouro e nem tudo o que brilha é prata...
Nada como um momento de reflexão, para concluirmos que por vezes, estamos literalmente por nossa conta.
Não há tempo, não há pessoas, não há nada, que cure o que está doente, ou ajude a completar os puzzles que existem em nós, desfeitos...
Durante todo o tempo em que o meu pai esteve doente, tive de fazer uma "limpeza" na minha cabeça, na minha vida.
Infelizmente, alguns amigos deixaram de o ser, outros, que não sabia serem amigos, revelaram-se. Tive provas irrefutáveis, de que a lei da retribuição existe e não perdoa...
Fui orgulhosa e tive de o deixar de ser...Tive de perdoar. Não esqueci, porque não sofro de amnésia! Mas perdoei e não deixei rancores nem mágoas...
O que tinha a dizer ao meu pai disse. O que tínhamos de resolver, resolvemos...Sem mágoas ou arrependimentos.
Um dia ele teria mesmo de partir, e eu, teria de o deixar ir...Não era preciso ser desta forma.Mas foi assim.
A fase da raiva, no luto, leva tempo a resolver...Não quero medicamentos, não estou doente, não me sinto deprimida...Sinto muita saudade e muita raiva...E um vazio...
Preciso de tempo. Para mim, segundo a minha médica...Para caminhar, para escrever, para fotografar. Para que a minha cabeça pare, se arrume e me deixe passar à fase seguinte, a fase da negociação...
Não tenho nada para negociar. O que havia a ser negociado, ainda fui a tempo de o fazer com o meu pai lúcido.
Não sinto que ficássemos com algo por dizer...Dissemo-lo à nossa maneira. Tínhamos grandes conversas só de olhares, conversas mudas em que dizíamos tudo...Neste aspecto, fui uma privilegiada. Quantos filhos que perdem pais poderão dizer o mesmo?
O tempo, ainda me deu tempo...Por isso agradeço os 15 penosos e horriveis meses da doença do meu pai. Ele sofreu, nós sofremos com ele, mas tivemos tempo para tudo....Pelo menos eu tive.
...
"Pai, sei que estás presente...Não sei explicar como...Se calhar estou louca! Ou demente...As "nossas" músicas tocam quando penso em ti, os nossos números aparecem por todo o lado...As coisas boas que deveriam ter acontecido antes, começam a acontecer agora e, por mais que não queira pensar assim, eu céptica me confesso, acredito que tenha dedo teu...Pai, amo-te daqui até onde estejas e sinto tanto a tua falta! Ah pai...Este buraco que teima em não deixar de doer...Fazes-me tanta falta pai...Um beijinho grande..."
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