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Porque nem tudo o que luz é ouro e nem tudo o que brilha é prata...
E parece que a fase de "blackout" me passou.
Por vezes também é bom, fecharmos a concha e pensarmos a sério no que nos move.
A vida troca-nos as voltas, faz-nos dar cambalhotas e saltos mortais...Revira-nos de dentro para fora.
Por aqui nada de novo. Apenas e só esta vida...
Fomos passear á televisão, percebi que realmente a minha mãe é a minha heroína, gostei de todos os afectos recebidos, gostei de poder, publicamente, demonstrar a minha gratidão por todos os que me aturam e, acompanham connosco esta doença...Gostei. Não me subiu à cabeça, não me pagaram nada, não me deixei de sentir a pessoa que sou, também não comecei a dar autógrafos, o que para alguém, que tem algum narcisismo escondido pode tornar-se um complexo violento...
Continuo a achar que não pertenço a este mundo, que vejo e sinto coisas que mais ninguém vê e sente. Continuo a achar que a crise de valores a que assistimos é pior do que todas as outras crises. Continuo também a achar, que o Homem é o seu melhor e por inimigo, o que por si só me parece um paradoxo e, isso pessoas angustia-me.
Continuo aqui, a assistir a este filme de terror, para o qual fui " convidada" sem querer...As coisas como devem calcular, vão de mal a pior, significando o pior, a maior decadência a que pode chegar um Ser humano...
Quando me perguntam como está o meu pai, respondo sempre, " na mesma, a morrer...", sei que algumas pessoas ficam tremendamente chocadas, mas é assim a vida. Ele luta com as parcas forças que tem, o que não faz dele um herói, mas sim um guerreiro. O estado dele, é tão delicado, que cada suspiro pode muito bem ser o último e, ter de viver com isto, passa para além da angústia.
Confesso, não tenho muita coragem para estar ao pé dele agora. Não reconheço aquele Ser, que jaz naquela cama como um vegetal...E isso é a pior tortura. No entanto continuo aqui...Não por ser heroína, nem melhor filha, nem sequer melhor pessoa...Mas porque esta foi uma luta em que decidi entrar de cabeça. Teria sido bem mais fácil voltar as costas e não querer saber, mas quando ele finalmente partir, quero ficar tranquila, que fiz tudo e dei tudo de mim, nem que chegue ao fim exausta.
Quero acima de tudo, que tudo o que escrevo e escreverei, sirva de consolo a alguém, porque é tão mais fácil virar a cara ao sofrimento alheio, do que estender a mão para ajudar...
Estou aqui pessoas, não fui, nem irei a lado nenhum.
Continuamos a tentar viver o dia-a-dia o melhor que podemos e sabemos, sempre à espera do último suspiro...
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