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Porque nem tudo o que luz é ouro e nem tudo o que brilha é prata...
E cá continuamos nesta vida, com estas coisas "maravilhosas", que esta doença "fantástica" nos trouxe...
Vejamos então, os acontecimentos dos últimos dias;
o meu pai caiu da sanita, atribuiu a culpa à minha mãe. "Foi ela que me empurrou!"...
o meu filho mais novo, diz que se calhar, o avô não está bom da cabeça...Porque quer que o comando da TV funcione, mas sem o infravermelho virado para a TV...
o meu pai acha que eu sou a minha irmã, repete vezes sem conta o nome dela, e não sabe dizer o meu nome...
a minha mãe resolveu ter um fanico no meio da rua, teve de ser transportada a casa pelos vizinhos...
eu resolvi ir fazer uma pequena cirurgia, sozinha, e quando saí do hospital, aparentemente bem, senti-me mal, tão mal, que andei durante uma hora a dormir dentro de um autocarro!!! (quando cheguei ao destino, mal conseguia andar, mas cheguei a casa...)
Depois existem ainda coisas mais fantásticas, como o facto de o meu pai se conseguir levantar por artes mágicas sozinhos e, andar a despir-se pela casa, deixando por exemplo, a fralda na banheira e o resto da roupa por onde calha...
Ou ainda, o facto de arrastar tanto as palavras, que para o entendermos, primeiro gravamos o que diz em "slow motion", e depois passamos a gravação em "fast forward"...
Há ainda o facto extraordinário de o meu filho mais velho estar a reagir à morte do pai como uma espécie de adulto, o que me faz muita confusão, porque aos meus olhos ele continua a ser o menino loirinho, que canta o "poquinho cameu uma belota"....
...
Não sei se é de propósito ou não, mas até certas pessoas chegadas a mim, dizem que estou fria e mais arrogante...(Amigos, não é por mal, é mesmo de propósito...)
Só tenho mais uma coisa a escrever, se alguns de vós, que me conhecem, que privam comigo, ou então, que conhecem quem esteja a passar pelo mesmo que nós e tenham atitudes idênticas, façam um favor a vós próprios...Levantem os olhos dos vosso "umbigos" e pensem bem, se conseguiriam viver esta vida maravilhosa, agrilhoados desta maneira e a viver a verdadeira prisão domiciliária...
Como vêm pelo meu relato, destes últimos dias, nem tudo é mau na doença cancro, também temos momentos em que o choro é trocado por gargalhadas monumentais, porque temos muito tempo pela frente para chorar....
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