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Ai a minha vida...

por lady magenta, em 28.10.13

 

 

E há dias em que tenho ideias muito merdelosas..Tipo acordar cedo, e começar a ler tudo o que escrevi à tempos atrás...Hello????? Isto lá são horas de começar a chorar? A reviver tudo o que se passou só por masoquismo? Please né!

Até parece que tenho cocó na cabeça em vez de massa cefálica...Entro naqueles compartimentos, que fechei à tanto tempo, empoeirados, sombrios e choro? Pelo amor da santinha...Acho que preciso de terapia de choque...Vou mas é ali ver se chove ou faz frio, porque afinal parece que gosto mesmo de me "aleijar" sem razão...

 

(E parece que estas coisas também estão contempladas no manual, "Faça o seu luto por todo o lado, mas não se vista de preto da cabeça aos pés"!!!!)

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publicado às 08:59

O luto, essa "coisa" que se estranha, e depois se entranha...

por lady magenta, em 26.01.13

Pois é pessoas, cá andamos nesta vida...

Onde todas as palavras "entopem", todas as funções cerebrais que consegui manter.

Lentamente, muito lentamente, diga-se de passagem, começo a sentir a vida a voltar, a um estado que não é o normal, mas que já se parece com vida.

Ainda há "vícios" que não perdi...O bater na porta em vez de tocar à campainha, o ouvir barulhos e levantar-me em sobressalto, a angústia...O vazio, sobretudo...Esse companheiro de todas as horas.

Depois todas as coisas às quais fugia se pudesse...As ambulâncias em marcha de urgência, as urgências "daquele" hospital...

"Aquele", onde o meu pai morreu, e eu ainda não me conformo.

Tive de lá voltar.

Foi como pisar vidros com os pés descalços...As pessoas, as batas, as macas, os doentes, o local...Tudo mexeu tanto comigo...

Mas algum dia tinha de ser.

De resto, as pessoas que continuam a dizer-me que tenho de seguir em frente...Pois tenho. No MEU tempo. Não num tempo que não é o meu, ao meu ritmo, não ao de outros.

O luto faz-se assim.

Espera-se pacientemente que as feridas fechem, que nos habituemos a viver com o vazio e a dor, e só depois, talvez num dia de sol, conseguimos erguer a cabeça e seguir em frente...

Não era esperar que depois de quinze meses de tortura, o meu pai morresse e pronto, acabou...

Morreu já se pode seguir com a vida...

E a dor da perda? E o vazio da sua presença? Isso não se colmata do nada...

Aprende-se primeiro a viver com esta dor, para depois podermos seguir em frente...

Cada qual ao seu ritmo. 

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publicado às 16:27

1 mês...

por lady magenta, em 08.01.13

 

 

O meu pai morreu à 1 mês...

Repito e torno a repetir esta frase diariamente...O meu pai morreu...

Tanta coisa mudou em nós neste mês, nestes 16 meses...

Não sei quem sou, neste momento. Perco-me, encontro-me...Perdida, nesta vida, para quando me encontrar, voltar forte e determinada...

Não está a ser fácil lidar com a perda dele. Uns dias em cima, outros bem no fundo.

Sinto imensa falta dele, hei-de sempre sentir. Mas antes não o ter, a tê-lo doente e incapaz, indefeso, dependente, completamente transfigurado...

Esta doença não matou só o meu pai, matou-nos a nós também...

Recordar estas últimas semanas, é tortura, acreditem...

Recordar o dia da sua morte, passado um mês, é como sonhar acordada, estar anestesiada a sofrer todos os horrores duma cirurgia penosa...

Enfim. Temos sempre de recordar.

O tempo...O tempo lá se há-de encarregar de nos ensinar o resto...

Passou um mês, mas nem por isso se tornou mais fácil dizer em voz alta, que o meu pai morreu...

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publicado às 17:04

O luto e eu....

por lady magenta, em 03.01.13

 

 

A cada dia que passa isto do luto, torna-se mais complicado...Tenho medo de me esquecer de quem o meu pai era...Do seu cheiro a sabão azul e branco, do som da sua voz, da aspereza das suas mão calejadas do trabalho...Da forma como conseguia assobiar entre os dentes...Da sua maneira de andar. De como ralhava comigo quando ia à pendura no meu carro...Acho que no processo individual de luto há uma fase da revolta. É onde estou. Revoltada por a vida ter sido muito ingrata e injusta, o meu pai devia ter tido mais tempo. Nós deveriamos ter tido mais tempo para o ver envelhecer...

A cada dia que passa, é como se colocassem uma pilha de tijolos em cima de mim, e o peso desses tijolos vai sendo cada vez mais insuportável...Não quero estar com ninguém, não me apetece falar...Sinto-me terrivelmente carente. Angustiada. Revoltada.

O meu pai partiu e não vai voltar.

Odeio que me digam, milhares de vezes por dia, "tens de lutar...não podes estar assim...tens de seguir em frente..."

Hellooooooooo!!!!!!

O luto de cada um de nós, é como uma impressão de A.D.N. pessoal e intrasmissivel. Não se faz luto em três semanas...Cada qual tem o seu ritmo, o seu tempo...

Eu cheguei à fase da revolta, quando disparo vou em todas as direcções...A poupada tem sido a minha mãe. Se a minha mãe fosse uma árvore, seria um carvalho, de certeza...Durável e resistente... Por dentro pode estar desfeita, mas por fora, firme e hirta que nem uma barra de ferro...

Escrever tem sido uma excelente terapia, no entanto, nas últimas semanas, o barulho na minha cabeça é tanto, que nem sei por onde começar...Não estou a dizer que oiço vozes, oiço a minha voz...E grito muito comigo. É tanta coisa pessoas...Tanta vontade de gritar, e chorar, e bater...Para nada. Porque nada trará o meu pai de volta, nem nada fará atenuar o inferno que vivemos durante quinze meses...

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publicado às 11:57

O luto e nós...

por lady magenta, em 18.12.12

 

 

Depois de alguma "celeuma", provocada pelo facto de dizer publicamente que tenho as cinzas do meu pai em casa, tenho a dizer;

- Pessoas, julguem como quiserem...Prefiro ter o meu pai em casa do que numa cova, tapada com terra, e exposta aos elementos...Chuva, frio, calor.

- Não que ele não esteja morto na mesma, mas ao menos em casa, temos o consolo de o ter perto de nós, sempre...

- Não é mórbido, tantas culturas por esse mundo fora praticam a arte de celebrar as vidas dos entes queridos, tendo-os perto de si...

- No rio Ganges, deitam-se cinzas de pessoas e nadam outras mesmo ao lado, afinal qualquer local é sagrado, desde que o queiramos assim...

- Um cemitério é considerado solo sagrado, pelos que têm fé e crença nisso mesmo, para nós, a nossa casa é tão sagrada quanto o tal "solo sacramentado"...

- O meu pai está em paz, sei-o com tanta certeza como sei que estou viva, e não é por tê-lo em casa que o estamos a desrespeitar, pelo contrário, a sua vida será sempre celebrada pelos que o amam...

 

E para finalizar só tenho a dizer, o luto de cada um de nós é pessoal e intransmissível...Não ando pelas ruas a chorar, não demonstro publicamente o que me vai realmente na alma, guardo para mim...O luto é isso mesmo. Não é por vestir luto dos pés à cabeça que sofro mais ou menos...

E ainda, acho que o preconceito gerado em torno do facto de querermos preservar os que amamos, mesmo em cinzas, junto de nós, ideias "quadradas" de mentes que não conseguem ir mais além...

Esta história está para mim, como o facto de tirar a mama de fora em público para amamentar um bebé...O mal, ou maldade, está nos olhos de quem vê, ou de quem não quer ver o que está para lá de....

E com isto, encerro um dia penoso e difícil...

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publicado às 21:35


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