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Porque nem tudo o que luz é ouro e nem tudo o que brilha é prata...
Depois de alguma "celeuma", provocada pelo facto de dizer publicamente que tenho as cinzas do meu pai em casa, tenho a dizer;
- Pessoas, julguem como quiserem...Prefiro ter o meu pai em casa do que numa cova, tapada com terra, e exposta aos elementos...Chuva, frio, calor.
- Não que ele não esteja morto na mesma, mas ao menos em casa, temos o consolo de o ter perto de nós, sempre...
- Não é mórbido, tantas culturas por esse mundo fora praticam a arte de celebrar as vidas dos entes queridos, tendo-os perto de si...
- No rio Ganges, deitam-se cinzas de pessoas e nadam outras mesmo ao lado, afinal qualquer local é sagrado, desde que o queiramos assim...
- Um cemitério é considerado solo sagrado, pelos que têm fé e crença nisso mesmo, para nós, a nossa casa é tão sagrada quanto o tal "solo sacramentado"...
- O meu pai está em paz, sei-o com tanta certeza como sei que estou viva, e não é por tê-lo em casa que o estamos a desrespeitar, pelo contrário, a sua vida será sempre celebrada pelos que o amam...
E para finalizar só tenho a dizer, o luto de cada um de nós é pessoal e intransmissível...Não ando pelas ruas a chorar, não demonstro publicamente o que me vai realmente na alma, guardo para mim...O luto é isso mesmo. Não é por vestir luto dos pés à cabeça que sofro mais ou menos...
E ainda, acho que o preconceito gerado em torno do facto de querermos preservar os que amamos, mesmo em cinzas, junto de nós, ideias "quadradas" de mentes que não conseguem ir mais além...
Esta história está para mim, como o facto de tirar a mama de fora em público para amamentar um bebé...O mal, ou maldade, está nos olhos de quem vê, ou de quem não quer ver o que está para lá de....
E com isto, encerro um dia penoso e difícil...
Ora então vamos lá abordar um assunto, que a mim me diz muito e, com o qual me tenho debatido nos últimos anos, pelas mais diversas razões, entre as pessoais e não.
O belo do preconceito...
É que ontem tive de ouvir tanta barbaridade, mas tanta da boca de uma Senhora, que só me deu vontade de lhe responder à letra...E dar uso e asas à minha “incontinência verbal”!
Vamos lá a ver, todos temos “ódios”, preconceitos, de estimação...Porque aquele anda sempre com a mesma roupa, porque aquele tem sempre os mesmos sapatos, e tal, e tal, e tal...
O que me faz realmente muita confusão, é julgar-se a pessoa pela nacionalidade, estilo de vida, cor da pele...Se tem tatuagens é delinquente, se namorou muito é leviana, se tem rastas fuma charros, se sai à noite é put@, se sai de dia, não deixa de ser put@...
A minha opinião vale o que vale, mas como já sofri tanto, na pelucha maravilhosa e hidratada com os melhores cremes “channel”, com a merda dos preconceitos que me atribuíram, pelas mais variadas razões, umas aplicáveis outras nem por isso, que além de ser sensível ao assunto, o mesmo me provoca uma certa brotoeja nos pelos anais...
Então vamos lá mais uma vez...
Existiu uma altura em que me atribuíram os mais variados namorados, era “comida” por todos! Era muita boa....No fim fiquei com a fama, mas sem proveito nenhum, tudo porque sempre me dei muito melhor com rapazes do que com raparigas....Wathever...Ainda hoje há quem me rotule como a “leviana” que se flagelou por ter casado e ter filhos...Mentes pequeninas.
Depois cheguei a uma altura em que afinal o meu problema era dar muita confiança às pessoas...Afinal, temos certos valores do avesso e, se ser simpática para toda gente implica que algumas pessoas não entendam e “trepem”, temos pena, corta-se o mal pela raíz e colocamos os pontos nos “ís”...
Mais, se digo palavrões não tenho educação, se um dia me apetece vestir de preto e cheia de caveiras, ai meu Deus que já está doida outra vez!
Eu gosto de pessoas.
Gosto delas amarelas, pretas, azuis, gordas, magras, feias e bonitas.
Gosto de pessoas e ponto.
Não me interessa se fumam charros, que eu já fumei e depois passou-me, se têm rastas, que eu jamais teria mas isso é a minha opinião, se têm tatuagens, porque eu também tenho e até acho giro, se são gays ou heteros ou seja o que for...
As pessoas não são a roupa que vestem, nem o estilo de penteado que têm, nem o que fumam!
As pessoas são os valores que defendem, o que têm no âmago...A essência que carregam na alma.
Eu quero lá bem saber se à minha frente é tudo sorrisos e, nas minhas costas me julgam por ter dormido com meio bairro (não que me tenha de justificar, mas a fama é muita e o proveito pouco...E sim, o meu marido sabe estas histórias todas e acha o máximo!), por ter curtido na noite o suficiente para duas vidas, porque fui dependente de heroína mas depois curei-me, porque fumei charros mas fartei-me, porque casei duas vezes e tenho dois filhos de dois homens diferentes....A mim interessa-me saber que os meus amigos me conhecem, não me julgam, sabem tudo e ponto final...
A mim interessa-me reencontrar os amigos de infância, os tais que mesmo passados 20 anos ainda se lembram de mim e, querem lá bem saber se fui leviana e dependente de drogas...Eles sabem que essas coisas vindas deles também não me interessam...Eu quero saber que eles estão bem e felizes e, a vida lhes sorri...
Se me julgarem que sejam justos, que me julguem pela pessoa que sou, e não pela pessoa que tentei ser num passado atribulado e turbulento, em que os afectos foram substituídos pelas misérias da vida...
Não gosto de pessoas preconceituosas. Não gosto de preconceitos.
Gosto de fazer os meus juízos e julgar justamente quem o merece.
Em relação ao resto, “cagando e andando”!(Que também é uma coisa que me deixa os nervos muito débeis, pois não deve dar jeito nenhum ter de andar e evacuar...O cóco cai para o chão ou para os sapatos e fica tudo mal cheiroso....Um dia ainda me tenho de debruçar melhor sobre isto...)
....
E sim, foi longo e tinha muito mais para dizer...
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